domingo, 5 de abril de 2015

O que a mídia não disse sobre Rogério Chequer

2/4/2015 13:22
Por Redação, com Pragmatismo Político - de São Paulo

Rogério Chequer
Rogério Chequer do movimento Vem pra rua
Rogério Chequer está sendo tratado como o novo herói de boa parte da imprensa brasileira. Ganhou espaço nas páginas amarelas da revista Veja, e, no programa Roda Viva da TV Cultura, comandado por Augusto Nunes, colunista de Veja, encarou perguntas tão confortáveis que parecia haver ali um cenário previamente combinado entre entrevistadores e sabatinado.
Sem se dar por satisfeito após ler a entrevista de Chequer na Veja e assistir ao seu Roda Viva, o jornalista independente Fernando Brito descobriu, com uma breve pesquisa, coisas que os profissionais dos supracitados meios de comunicação não quiseram vasculhar ou fingiram não se interessar.
– Chequer vivia, até poucos anos atrás, nos Estados Unidos. Lá era sócio de uma empresa chamada Atlas Capital Manegement, que geria fundos de investimentos junto com David Chon e Harry Kretsky. Apenas um dos fundos, o Discovery Atlas Fund (do qual Chequer também era sócio), tinha US$ 115 milhões (R$ 360 milhões) em ativos – conta Brito. As informações são do Institutional Investitor.
Chequer, não se sabe a razão, deixou a sociedade que cuidava de fundos milionários nos EUA e voltou ao Brasil para se tornar sócio dos primos numa agência especializada em produzir apresentações de ‘power point’. É sabido, porém, que o líder dos atos anti-Dilma é réu em um processo na Corte Distrital do estado americano de Connecticut, aberto em 2012 pelo seu ex-sócio Robert Citrone (dono da Discovery Atlas), um bilionário que integra, inclusive, a lista dos homens mais ricos do mundo da Forbes.
Fernando Brito conta que a curiosidade sobre a trajetória de Chequer surgiu naturalmente, já que os grandes veículos de comunicação lhe concederam o título de nova celebridade política.
– Ele [Chequer], como qualquer pessoa, tem o direito de se manifestar. Mas quando o tornam uma figura pública, uma “referência nacional”, o que ele faz, fez e qual é a sua trajetória passa a interessar e é dever dos jornalistas informar, salvo se não tiverem interesse em saber de onde vem o personagem que promovem nacionalmente – afirma.
Wikileaks e Stratfor
Brito foi além, e no último dia 28 de março descobriu que o nome de Chequer consta na lista da empresa de inteligência global Stratfor (também chamada de CIA of Shadow) – o arquivo foi vazado pelo Wikileaks, que teve acesso a mais de 5 milhões de e-mails confidenciais da empresa. Rogério Chequer aparece no arquivo identificado com a companhia “cyranony”. Seu nome está na 13ª linha do arquivo, que pode ser baixado diretamente do site do Wikileaks aqui.
– Existe, de fato, uma companhia Cyrano NY, LLC, registrada como “companhia estrangeira” no Estado de Delaware, um paraíso fiscal dentro do território americano, e assim reconhecido até pela Receita Federal brasileira – diz Fernando Brito.
Como já noticiou Pragmatismo Político em diversas oportunidades, a Stratfor foi acusada de envolvimento em tentativas de golpes de estado em vários países e atua fortemente no setor de manipulação de interesses estratégicos. Um dos e-mails fala da insatisfação da Stratfor com a rejeição do ex-presidente Lula aos caças norte-americanos e sugere uma relação da empresa com um grande jornal brasileiro.
São ainda misteriosas as razões que fizeram Chequer abandonar uma aparente vida empresarial de sucesso nos Estados Unidos para regressar ao Brasil. Espera-se, no entanto, que o líder de um movimento que apregoa a “transparência” como bandeira principal explique-se publicamente.
– Não acusamos Chequer, embora ele, como figura pública que é, agora, talvez pudesse explicar o que fez desde que seus negócios saíssem de um estado glorioso que tinha como dono de um fundo de investimento nos EUA e viesse, em 2012, se tornar sócio dos primos numa agência de publicidade especializada em produzir apresentações de “power point” – questiona Brito.
Chequer e Olavo de Carvalho
Na última semana, o astrólogo Olavo de Carvalho, uma espécie de cardeal da extrema-direita brasileira chamou Chequer às falas. Pelo Twitter, Carvalho ironizou o líder do Vem Pra Rua, referindo-se a ele como “Chequer Semfunds”, “Talão de Chequer” e como alguém adepto à “paumolice tucana” (referência ao fato de o grupo ser ligado ao PSDB). O astrólogo estava insatisfeito porque Chequer e o Vem Pra Rua não haviam ainda assumido posições mais incisivas em defesa do impeachment da atual presidente.
Pouco tempo depois de ser repreendido, Chequer prestou esclarecimentos a Olavo – foi quase um pedido de desculpas. A conversa surtiu efeitos. Chequer quis provar que se despira do manto da “paumolice tucana” e, imediatamente, procurou o jornal O Estado de S.Paulo para anunciar publicamente uma redefinição de posições. Ficou decidido que ele e o Vem Pra Rua dariam sustentação oficial aos pedidos de impeachment.
O jornalista Fernando Brito, que também acompanhou o episódio, comparou a subserviência de Chequer diante de Olavo com o recuo de Marina após a pressão do pastor Silas Malafaia para que a ex-presidenciável do PSB alterasse pontos polêmicos do seu programa de governo.
– Note-se-lhe a firmeza de convicções e de caráter – afirmou Brito, referindo-se à repentina mudança de posicionamento de Chequer depois da consulta com Olavo.
Futuro

Chequer deveria explicar por que saiu às pressas dos Estados Unidos, os motivos de sua pendência judicial e o fato de ser uma das possíveis fontes de informação da empresa americana de inteligência Stratfor – um braço privado da CIA que tenta aplicar golpes de Estado em países cujos governos não são simpáticos (leia-se, alinhados) à Washington. Não o fará, porém, se depender dos grandes conglomerados de comunicação do Brasil. Há algo em comum entre Chequer e a grande mídia brasileira: a falta de compromisso com o Brasil.

sábado, 14 de março de 2015

SwissLeaks: lista de correntistas do HSBC revela donos de jornais brasileiros

  • 14/03/2015 18h17
  • 14/03/2015 16h41
  • Brasília
Da Agência Brasil Edição: Lílian Beraldo

Matéria publicada hoje (14) no jornal O Globo informa que na lista dos 8.667 brasileiros que, em 2006 e 2007, tinham contas numeradas no HSBC da Suíça aparecem donos, diretores e herdeiros de veículos de comunicação, além de jornalistas. A Receita Federal está de olho na relação de nomes e já informou que continua trabalhando com o objetivo de aumentar as medidas de cooperação internacional necessárias para obter de autoridades europeias a lista oficial e integral dos contribuintes brasileiros suspeitos de ter contas na subsidiária do banco HSBC na Suíça.
O caso que está sendo chamado de SwissLeaks, em alusão ao WikiLeaks, que publica em sua página na internet dados de governos e organizações que considera de interesse dos cidadãos. A lista do HSBC foi divulgada pelo International Consortium of Investigative Journalism (Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo) e pode indicar fraude fiscal.
A matéria é baseada em levantamento feito pelo próprio jornal, em parceria com o portal UOL, pertencente ao Grupo Folha, com base em documentos oficiais que foram vazados pelo ex-funcionário do banco, Hervé Falciani.  A investigação jornalística é comandada pelo ICIJ, sigla em inglês para Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos
De acordo com o jornal, há ao menos 22 empresários do setor e sete jornalistas brasileiros entre os correntistas do HSBC suíço. 
Na lista, divulgada pelo jornal, constam os nomes de proprietários do Grupo Folha. Tiveram conta conjunta naquela instituição os empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho já falecidos. Luiz Frias, atual presidente da Folha e do UOL, aparece como beneficiário da mesma conta, criada em 1990, e encerrada em 1998.
Integrantes da família Saad, dona da Rede Bandeirantes, também tinham contas no HSBC na época em que os arquivos foram vazados. Constam entre os correntistas os nomes do fundador da Bandeirantes, João Jorge Saad e da empresária Maria Helena Saad Barros, também falecidos, e de Ricardo Saad e Silvia Saad Jafet, filho e sobrinha de João Jorge.
Outro nome que aparece na lista obtida pelo jornal é de Lily de Carvalho, viúva de dois jornalistas e donos de jornais, Horácio de Carvalho, ex-proprietário do Diário Carioca, e Roberto Marinho, dono das Organizações Globo. Os dois estão mortos. Lily de Carvalho morreu em 2011.
Na lista do jornal consta ainda Luiz Fernando Ferreira Levy (1911-2002), que foi proprietário do extinto jornal Gazeta Mercantil, e integrantes do Grupo Edson Queiroz, dono da TV Verdes Mares e do Diário do Nordeste. Constam na lista do HSBC, Lenise Queiroz Rocha, Yolanda Vidal Queiroz e Paula Frota Queiroz. Edson Queiroz Filho, que morreu em 2008, também surge como beneficiário de uma das contas.
O jornal revela ainda que na lista estão Dorival Masci de Abreu (morto em 2004), que era proprietário das rádios Scalla, Tupi, Kiss, entre outras, e João Lydio Seiler Bettega, dono das rádios Curitiba e Ouro Verde FM, no Paraná.
O levantamento de O Globo e do UOL indica ainda Fernando João Pereira dos Santos, do Grupo João Santos, da TV e da rádio Tribuna (no Espírito Santo e em Pernambuco) e Anna Bentes, que foi casada com Adolpho Bloch (1908-1995), fundador do antigo Grupo Manchete.
O apresentador Ratinho (Carlos Roberto Massa), dono da Rede Massa (afiliada ao SBT no Paraná), foi outro que teve conta no HSBC da Suíça. A lista inclui ainda Aloysio de Andrade Faria, do Grupo Alfa (Rede Transamérica) e sete jornalistas: Arnaldo Bloch (O Globo), José Roberto Guzzo (Editora Abril), Mona Dorf (apresentadora da rádio Jovem Pan), Arnaldo Dines, Alexandre Dines, Debora Dines e Liana Dines. Finaliza a lista divulgada pelo O Globo, o radialista Fernando Luiz Vieira de Mello (1929-2001), ex-rádio Jovem Pan. Alberto Dines, pai de quatro dos jornalistas citados, informou que três dos seus filhos moram há anos no exterior e não são obrigados a declarar ao Fisco brasileiro. 
Procurados, os empresários de mídia e jornalistas que aparecem na lista do HSBC negaram a existência das contas numeradas na Suíça ou qualquer irregularidade. O Grupo Folha e a família de Octavio Frias de Oliveira informaram “não ter registro da referida conta bancária e manifestam sua convicção de que, se ela existiu, era regular e conforme à lei”. O Grupo Bandeirantes, de João Jorge Saad, informou, por meio de sua assessoria, que “não vai comentar o assunto”.
Sobre a conta de Lily de Carvalho, viúva dos jornalistas Horácio de Carvalho e Roberto Marinho, o Grupo Globo não comenta. Pelo Grupo Edson Queiroz, da TV Verdes Mares, Lenise Queiroz Rocha afirmou desconhecer a existência da conta. Luiz Fernando Ferreira Levy, ex-presidente da Gazeta Mercantil, disse que não tinha conta.
A família de Dorival Masci de Abreu, que era proprietário da rede CBS de rádios, disse, por meio de assessoria, que não se manifestará.
Julieta, mulher de João Lydio Seiler Bettega, da Curitiba e Ouro Verde FMs, afirmou que o casal nunca teve conta na Suíça e que é correntista do banco em Curitiba. Fernando João Pereira dos Santos, do Grupo João Santos, foi procurado por e-mail enviado para sua diretoria dele, mas não respondeu.
Anna Bentes, mulher de Adolpho Bloch, não foi encontrada. O Grupo Massa, de Ratinho, afirmou que todos os bens e valores de Carlos Roberto Massa e Solange Martinez Massa foram devidamente declarados. O Grupo Alfa, de Aloysio de Andrade Faria, afirmou que não tinha “nada a declarar”.
O jornalista Arnaldo Bloch afirmou que nunca teve conta no HSBC, no Brasil ou no exterior. Já o jornalista José Roberto Guzzo disse que “nunca teve conta no HSBC da Suíça em qualquer outra época”. Mona Dorf, da Jovem Pan, foi procurada, por meio de sua assessoria, mas não respondeu. 
O jornalista Fernando Vieira de Mello afirmou que nem ele nem o pai foram titulares de conta no HSBC suíço.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Por que somos favoráveis à regulação econômica da mídia?

20/1/2015 13:32
Por Fábio Lau - do Rio de Janeiro

A regulação econômica da mídia, no Brasil, está na ordem do dia
A regulação econômica da mídia, no Brasil, está na ordem do dia

Antes de mais nada é preciso dar nome aos bois para impedir que ele, desavisado ou de propósito, fique na linha. Censura na Comunicação é algo tão inaceitável que só tem andado, de forma institucional ou por imposição empresarial, em países como o Brasil. Portanto, jamais fomos exemplo do que quer que seja: da liberdade de expressão à censura plena do direito de informar.
Para não irmos muito além do que a vista alcança é importante fazer uma visita ao período discricionário experimentado por todos os maiores de 50 anos a partir de 64. Implantada a ditadura, quando Jango era acossado pela maioria dos jornais e TVs da época, nossos veículos de comunicação impressos, de radiodifusão e emissoras de TVs aderiram ao movimento rapidamente.
O objetivo ali era ficar bem com os “milicos” para se beneficiar de dinheiro forte que seria distribuído aos veículos de comunicação amigos. A Globo, maior referência de Grupo de Comunicação do planeta, nasceria no ano seguinte. Até então vivia do jornal impresso fundado pelo pai de Roberto Marinho. Silvio Santos, hoje dono do SBT, também conquistou TVs ali. Chegou a ter duas concessões em seu nome.
O acordão com o governo deu corpo e alma a uma ditadura sanguinária sem que jamais sua inconstitucionalidade, ilegalidade e arbitrariedade – com mortes e desaparecimentos, além de torturas e cárcere – tenham sido discutidas. É falso dizer que os jornais, ou sua maioria, eram silenciados. Houve uma adesão, e a retórica da “censura” passaria a servir de alegação eterna para justificar o adesismo. Mesmo o JB, que gosta de se apresentar como modelo de resistência, aderiu à ditadura militar, embora de maneira menos apaixonada do que Folha ou O Globo.
Os veículos de comunicação cresceram e prosperaram. A única ameaça real que poderiam experimentar, tendo em vista seu poderio financeiro inabalável conquistado durante anos e anos, só surgiria na última década: a Internet.
A concorrência digital torna o confronto de ideias e opiniões razoavelmente equilibrado. E daí surge o grande temor das velhas corporações: fortalecer economicamente as novas iniciativas – como Conexão Jornalismo, Correio do Brasil, DCM, Brasil 247, Revista Fórum, Sul 21, Mega Cidadania, Rede Brasil Atual, Brasil de Fato, O Cafezinho, Tijolaço e outras ações empresariais – é um caminho natural para oferecer ao Brasil finalmente uma alternativa real de pluralidade na Comunicação.
Além de nós, que atuamos como TV (quando usamos o recurso das transmissões online), rádio e jornal, há também ações como Porta dos Fundos, Midia Ninja, Rafucko, Canal do Pirula e outras iniciativas isoladas, as quais revelam que também fazemos entretenimento. Por isso, e pelo sucesso alcançado usando essa estratégia, e quebrando pedra para fechar a conta, este grupo de guerreiros da comunicação espera tratamento igualitário deste governo.
A regulação econômica da mídia deveria ser estimulada pelas próprias corporações tradicionais. Deveriam elas estar cientes da sua impotência para desenvolver e implementar a democratização de ideias e empreendimentos que atendam a uma demanda diversificada e exigente, num mundo globalizado e de comunicação acessível. Faria grande bem ao país se as “grandes” corporações se engajassem e defendessem este movimento.
Os canais de aferição de audiência mostram o quanto os veículos tradicionais se tornam obsoletos com o passar de meses e anos. TVs, impressos e rádios tradicionais são vistos pelas novas gerações como algo primitivo, pelo próprio formato e pela sua impossibilidade de gerar debate e participação. Por tudo isso, Conexão e as demais ferramentas de Comunicação que surgiram da garra de seus executivos queremos das administrações municipais, estaduais e Federal, empresas públicas e também da iniciativa privada, tratamento igualitário.
O Barão de Itararé, entidade de pesquisa e fomento das novas mídias, reúne entre sites e blogs conveniados um universo de público diário que supera a TV Globo em visualizações – somos 30 milhões de internautas por mês (maior do que a população da Argentina) – números facilmente auditáveis.
Outra razão emblemática e não menos importante diz respeito a um mercado de trabalho que se amplia, mas que contraditoriamente reduz o quadro funcional. Cada vez mais abdica da mão de obra qualificada dos jornalistas. Hoje, pelo modelo de gestão absolutamente mercantilista, empresas que recebem volumosos recursos públicos demitem funcionários por razões etárias. Quando se aproximam da aposentadoria são dispensados, como se a experiência representasse custo e não a conquista da plenitude do conhecimento. Abandonados, não raro caem na marginalidade da vida profissional e interrompem o ciclo de trabalho de forma forçada e prematura. Reagrupar estes jornalistas, resgatar sua autoestima e reinseri-los no mercado de trabalho é um papel a ser cumprido pelas novas mídias.
Nosso apelo não se dá em nome setorial ou apenas empresarial. Mas em nome da sociedade brasileira, que merece há tempos sair da rabeira no trato com seu modelo de comunicação concentrado, engessado e de um passado maculado por uma posição de aliança com a ditadura política que marcou nossa imagem historicamente. Este momento é perfeito para que estes meios não repitam o gesto, agora defendendo a ditadura da Comunicação. Só ela nos une a um passado que não deveria ter acontecido.
Fabio Lau é jornalista, diretor de Redação do site de notícias Conexão Jornalismo.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

ADEUS 2014! SEJA BENVINDO 2015!


Feliz Ano Novo!
postado por Blog do Paim @ 03:49

Regulação da mídia avançará, diz Berzoini

O novo ministro negou que o governo tomará como base a proposta de regulamentação da mídia em discussão dentro do PT

Publicado em 02/01/2015, às 21h18

Folhapress

Em seu discurso ele disse que o ministério vai ouvir os setores empresariais, sindicais e organizações sociais  / Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em seu discurso ele disse que o ministério vai ouvir os setores empresariais, sindicais e organizações sociais

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, confirmou nesta sexta-feira (2) que o governo vai apresentar proposta de regulamentação econômica da mídia no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Berzoini disse que o ministério vai "abrir um debate" para ouvir sugestões sobre o tema, que serão encaminhadas ao Congresso Nacional -responsável por colocar em prática o processo de regulamentação.
"Quem regulamenta é o Congresso Nacional. O Poder Executivo pode, no máximo, apresentar suas propostas. Mas pode também fomentar a discussão e fazer com que as pessoas compreendam de maneira bastante clara o que já está na Constituição e o que é necessário para que se tornem esses direitos constitucionais efetivos", afirmou.
Berzoini negou que o governo tomará como base a proposta de regulamentação da mídia em discussão dentro do PT, que inclui a regulação de conteúdo.
"Nós vamos ouvir todas as propostas que forem apresentadas. Essa é uma delas. Se for bem conduzida, pode ser bem sucedida. Se houver participação popular, tanto melhor. E se houver o envolvimento de todos nesse debate certamente produziremos algo que será bom para o país."
Empossado no cargo nesta quinta (1º), Berzoini foi indicado pelo PT para a pasta com a missão de tocar justamente este projeto. O petista era ministro das Relações Institucionais, mas foi deslocado para as Comunicações após forte pressão do PT.
A regulação da mídia é uma bandeira do partido, mas vem sendo postergada por Dilma Rousseff. Durante seu primeiro mandato, Dilma se recusou a discutir qualquer iniciativa que implicasse controle de conteúdo -como já havia sido tentado sem sucesso no governo Lula, na gestão de Franklin Martins na Comunicação Social.
Durante a campanha, porém, a petista admitiu discutir o que chamou de "regulação econômica da mídia", com foco na regionalização de conteúdos e proibição de monopólios e oligopólios na comunicação.
Berzoini sucede Paulo Bernardo (PT). Ao deixar a pasta, Bernardo defendeu que o novo ministro discuta a atuação da mídia brasileira e sua "situação regulatória".
CONCESSÕES PÚBLICAS
Segundo Berzoini, o ministério vai ouvir os setores empresariais, sindicais e organizações sociais para formular a proposta de regulamentação da mídia.
Ele disse que as comunicações são "objeto de concessão pública", por isso precisam ser regulamentadas. O novo ministro também defendeu maior difusão de conteúdo, não apenas o oferecido pelas empresas de comunicação.
"Quanto mais avanços de tecnologia, mais essa liberdade de expressão está assegurada porque há novos meios tecnológicos para que não apenas grandes corporações possam se expressar, mas para que o cidadão também possa se organizar para ter a sua comunicação."
O ministro negou que já tenha elaborado medidas para o tema, como a criação de uma agência específica para discutir a regulação.